segunda-feira, 13 de julho de 2009

O porquê da mudança?

A professora de Geografia falta a aula, e não passa exercício ou tarefa alguma para seus alunos, afinal, se preparasse ninguém faria mesmo, antes dormir ou fazer algo útil do que preparar algo que não vai ser aproveitado e que não tenha valor algum para seus “queridos”, muitos chamariam isso de falta de profissionalismo ou irresponsabilidade da parte da professora, eu, pelo contrário, chamo de bom senso. Os alunos ficaram alvoroçados, teriam aproximadamente 1 hora para fazerem o que bem entendessem, com duas condições, que ficassem no pátio e não quebrassem nada (além de ossos), certamente, eles “odiaram” a ideia. Todos descem e começam a fazer coisas inúteis que adolescentes fazem para passarem o tempo, certo garoto, de estatura mediana e um tanto gordinho, estava sentado em um dos bancos em frente a entrada dos banheiros, era um dia frio e ele tentava esquentar suas mãos esfregando-as uma nas outras e ocasionalmente as assoprava, certamente o seu sopro era mais quente do que a temperatura ambiente, quando de repente duas garotas saem de um dos banheiros, uma delas era baixinha e tinha olhos azuis, a outra tinha pele escura, bem magricela, de cabelos negros e alisados, ambas sorridentes, pareciam felizes, vinham saltitando na direção do garoto, que não parava de olhá-las. Pararam e uma delas disse:

- Dia frio hoje hein?
- Nem diga – respondeu o garoto rangendo os dentes e tremendo um pouco
- Acho que sei um jeito de aquecermos os nossos corpos...

A garota se afastou um pouco e lentamente começou a se girar, ganhando velocidade a cada volta, a outra se juntou a primeira e após um tempo, suficiente para ficarem tontas, pararam sentaram no chão e riram juntas, o garoto achou-as tão inocentes, não pareciam ser alunas do 2º Ano do Ensino Médio, riu da situação tão inusitada e anormal que presenciara, pensou, “Não é qualquer um que faz isso no meio do pátio e, certamente, quem fizesse ficaria mau visto na escola.” A primeira garota em risos disse:

- Sinto saudades dessa época, bons tempos...
- Como assim? – pergunta o garoto sem entender muito bem.
- A infância, quando não havia responsabilidades, malícia, maldade, hostilidade...

O garoto começava a entender o que a menina dizia, percebeu que até mesmo ele pensava desse modo, era tão diferente quando brincava de “Esconde-esconde”, “Pega-pega”, “Policia e Ladrão”, “Três dentro, três fora” e tantas outras brincadeiras de nomes compostos.

- Era tão diferente não é mesmo?Certamente, a maioria aqui pensa assim, mas estão presos na vaidade, idade e status, se importam mais com o que os outros vão pensar, já não sentem graça, se fazem de adultos, colocam uma máscara em seus rostos e fingem ser alguém tão diferente do que, naturalmente e realmente são. – continua a garota.

O garoto fica calado, mas compreende exatamente o que a garota está dizendo e deseja continuar ouvindo-a...

- Infelizmente, precisamos crescer, nos apegamos a objetivos e metas que nos mudam e nos tornam iguais, como robôs, é o sistema. Quer ver? Venha, vamos brincar de “Duro ou mole”, esse nome não te parecia tão malicioso há uns anos, não é? – propõe a garota.

O garoto achou loucura, brincar de “Duro ou mole” na frente de todos? Ele tinha 16 anos, não era mais uma criança, relutou e imediatamente se deu conta de que tudo o que a garota falava era verdade e aceitou, relutante, mas aceitou.

Logo, convocaram algumas pessoas de sua sala, somente quatro de todos os 40 alunos aceitaram o convite. Começaram a brincadeira, e quando foi “petrificado” pela primeira vez, o garoto já havia percebido que não passava de uma criança, todos não passavam de crianças que se esconderam atrás de carcaças adultas, cheias de orgulho e vaidade. Tudo aquilo era tão puro, tão inocente, tão divertido, pra que esconder?

Ao fim da brincadeira, cheio de suor e de volta a sala de aula, se deu conta de que as pessoas procuram tantas respostas, tantas saídas, têm tantos desejos, sonhos, objetivos e que quando são alcançados descobrem que a única coisa que realmente desejavam e ansiavam era serem crianças novamente, e uma outra coisa que também percebeu foi que a sua disposição e fôlego, não eram os mesmos...